Um doce delicioso, por sinal.
E, quando penso nele, automaticamente sou levada para o passado. Vêm todas as lembranças das vezes em que comi uma torta de morango desejando poder repeti-la todos os dias, pelo menos um pedacinho que fosse. E juro: não sou tão fã de doce quanto parece.
Mas essa lembrança me leva também à minha conta do Wattpad. O que uma coisa tem a ver com a outra? Para qualquer um, absolutamente nada. Mas, para mim, é impossível não recordar da época em que eu escrevia e publicava minhas histórias por lá.
Consigo até ouvir a voz da minha amiga Helena, quando lhe passei meu user: “Mas por que Torta de Morango”?
Minha resposta foi simples: eu não sabia o que colocar, tinha uma torta de morango na geladeira, eu gosto de torta de morango… e assim ficou.
E foi exatamente isso.
Acho que era a primeira vez que minha tia tinha feito torta de morango, e eu fiquei completamente apaixonada por aquele sabor único. Como disse, não sou fã de doce; se tiver que escolher, sempre vou preferir o salgado. Mas algo naquela torta me faria repensar a escolha, dependendo do salgado que estivesse do outro lado do prato.
Sempre gostei de escrever (isso já está claro). Só que na época, eu também lia muitas histórias, vulgo fanfics. Foi assim que encontrei o Wattpad: procurando uma para ler. Li fanfics, li livros que davam vergonha alheia por estarem ali, mas também descobri histórias fantásticas. E então pensei: por que não compartilhar também o que eu escrevia?
Confesso que, enquanto criava meu perfil, acreditava genuinamente que meus livros fariam sucesso, que eu seria reconhecida como escritora e até publicaria um best-seller. Obviamente isso não aconteceu. O que eu não imaginava é que meus livros cairiam justamente naquela categoria que mencionei: “os que davam vergonha alheia de estarem ali”.
No fim das contas, eu era apenas uma garota de 14 anos, sonhadora e ambiciosa, cuja base literária eram fanfics escritas provavelmente por outras pessoas de 14 anos, sonhando com o encontro com seu popstar favorito.
As visualizações não vieram, mas continuei postando até perceber que a história não era tão boa assim. Minha primeira publicação foi literalmente minha primeira tentativa de escrever um livro (mais especificamente, eu terminei o livro em 17/05/2015). A história? Sem profundidade, e um tanto vergonhosa. Para vocês verem que não estou mentindo, eis um trecho:

“Loira azeda” e “filha aguada”.
Esse era o nível. Engraçado? Hoje eu morro de rir, embora venha aquela vontade de enfiar a cabeça num buraco e nunca mais sair. E disso só piorou.
Então, não vejo a falta de interesse das pessoas como um problema. Claro que frustrou um pouco não ter conseguido meu best-seller logo na primeira tentativa, mas percebo hoje — e já percebia naquela época — que isso foi bom. Foi o que me fez evoluir e refletir sobre o que eu realmente queria escrever. Eu estava despejando palavras (neste caso, 75 páginas) na tela do computador, mas ainda não tinha, de fato, uma história para contar. Como eu poderia esperar que alguém se interessasse, se talvez nem eu mesma teria vontade de ler aquilo se não fosse eu quem tivesse escrito?
Ainda assim, não tiro a felicidade dessa primeira tentativa. Por mais que, em termos de romance, 75 páginas sejam poucas, para mim foi uma conquista. Era a primeira vez que eu tentava escrever um livro — e já de cara cheguei a esse número. Claro que, ao reler após ter finalizado o livro, achei a história magnífica… mas acho que era mais pelo passo que eu estava dando, pelo marco que representava: “algum dia vou publicar um livro”.
E essa, claro, não foi minha última tentativa de fazer sucesso no Wattpad — mas essa já é outra história.
Infelizmente (ou talvez felizmente, já que as próximas tentativas também não eram dignas de um best-seller), acabei apagando os livros do meu perfil e deixei apenas alguns contos. Já naquela época eu sabia que os livros não estavam como eu gostaria, não estavam prontos. Então, por medo de plágio, decidi guardá-los para mim até que estivessem dignos de serem apresentados e devidamente registrados (sonhava alto: se alguém plagiase, eu processaria!).
Os contos, porém, eu deixei. Eles eram sentimentais demais para que eu os escondesse. E gostaria de dizer que era só uma mentalidade da época, mas até hoje penso assim: quando escrevo algo muito emocional, não tenho medo de plágio, porque sei que, no máximo, alguém poderá copiar e colar. Mas nunca conseguirá reproduzir a sensação que eu tive ao escrever, porque aquele foi um momento único meu.
Depois disso, nunca mais entrei na conta. Principalmente porque meu e-mail foi hackeado — e isso, sim, foi um “infelizmente” de verdade. Talvez eu não tenha tido um livro de sucesso no Wattpad, mas foi lá que aprendi muita coisa. Foi ali que comecei a pesquisar sobre editoras, publicações, registros. Foi ali que me permiti fracassar, rir de mim mesma e tentar de novo. E, apesar de hoje tudo parecer engraçado, foi fundamental para o estilo de escrita que tenho agora. Porque, no fim das contas, foi ali que meu sonho de ser escritora (vulgo, publicar um livro algum dia) começou a tomar forma.
