Bom, acho que para muitos, quando se pensa em ateliê, automaticamente já vem à cabeça um espaço cheio de artes, um estúdio de exposição… não sei.
Mas, para mim, nos últimos dias, venho atribuindo um outro significado para ateliê.
Fazem praticamente três anos que tenho vontade de abrir uma loja — mas não uma qualquer — uma loja de presentes. Na verdade, acho que esse desejo ficou incubado desde a adolescência, quando eu amava passar horas tentando encontrar o melhor presente para dar a alguém. Com o tempo, fui percebendo que elaborar presentes e presentear alguém era, para mim, um lugar mágico, mesmo sem ser de fato um lugar, e acabou se tornando um dos meus hobbies favoritos.
Sempre foi muito difícil para mim verbalizar o afeto que sinto pelas pessoas. Não sou do tipo que elogia a cada cinco minutos, muito menos de fazer aquele lembrete diário de quanto amo e como aquela pessoa é especial pra mim. Então, seja elaborando um presente artesanal ou passando horas e horas dentro de uma loja de presentes, esse foi o jeito que encontrei de demonstrar o quanto aquela pessoa é importante na minha vida. E eu não me importava em gastar o tempo que fosse para encontrar algo que simbolizasse isso — ou que, ao menos, deixasse claro que aquele presente foi pensado e dedicado especialmente a ela.
Acho que já fiz de tudo um pouco: de scrapbooks a quadros, de medalhas a canecas, livros, revistas… Um universo de possibilidades que eu amava explorar.
Como disse, esse projeto está no papel há três anos, se tornando, a cada novo ciclo, aquela meta que entra na lista e nunca é cumprida — sempre com a promessa de que, no próximo ano, ele sairia do papel. Inclusive, encontrei uma folha perdida quando fui rasgar papéis antigos, e ali estava a prova de que ele realmente nunca foi realizado.

Mas, de certa forma, fico feliz que tenha sido assim.
Acho que essa demora serviu para que eu pudesse amadurecer. Obviamente, não o suficiente — ainda tenho muito a aprender —, mas acredito que aquela pessoa de antes não estaria tão preparada quanto estou hoje. Precisei passar por inúmeras tentativas, falhas e fracassos para compreender quem eu sou, o que eu quero… Ainda estou definindo a identidade da minha marca, mas sinto que hoje consigo visualizar melhor o caminho, evitando que o perfeccionismo me sabote, como sabotou tantas vezes. E, principalmente, pela primeira vez, estou respeitando o processo de cada etapa, e aproveitando-o.
Não vou mentir: os surtos ainda existem (obviamente), mas hoje sei lidar um pouco melhor com eles. Porque hoje entendo que está tudo bem errar. Se isso acontecer, é apenas uma questão de tentar de novo, melhorar, tentar de outro jeito. Hoje entendo que sonhos não morrem — eles apenas se adiam, se adaptam, se transformam… E talvez aquela pessoa lá de trás não compreenderia esses pequenos detalhes.
Apesar de ter passado por muitos questionamentos, sinto que desde quando pensei no nome da marca, sempre quis trazer o ateliê. No começo, acho que foi porque eu sabia que sou uma pessoa eclética, que gosta de mudar, de inovar… Mas hoje, além disso, atribuo ao ateliê o significado de um espaço autêntico, um lugar com liberdade para se expressar, ser acolhida, refletir. É o resgate do meu espaço de escrita, de me permitir ter esse tempo — mesmo que seja nas pequenas janelas do dia a dia. Um lugar de tentativas e falhas, sem espaço para julgamentos, só o entendimento de que tudo precisa passar por etapas antes de acontecer. Um espaço que respeita o tempo e ignora o que não é relevante. Um lugar seguro para ser quem eu sou. E, se houver julgamentos, que sejam insignificantes diante do desejo de sonhar e realizar. Acho que foi assim que surgiu o Outrora Ateliê: um lugar de resgate, um espaço onde me reencontrei — e, mais importante que tudo, me redescobri.
Parabéns ❤️ ❤️ ❤️ Sua criatividade precisa ser mostrada..vai enriquecer a vida de muitos
Grata ❤️