Outrora Ateliê

Hoje quero falar sobre coisas banais da vida e, com isso, contar uma boa (mas nem tanto) história.

Já faz tempo que penso em escrever sobre um dos maiores micos que já cometi. “Maior” talvez não seja a palavra certa, porque quase ninguém viu eu pagar esse mico, mas ainda assim é daquelas lembranças que servem para descontrair.

Se eu não me engano, eu tinha uns 13 anos. Era a época de ouro de Justin Bieber, One Direction e companhia. Em qualquer canto que você olhasse (sendo pré-adolescente, claro), tinha sempre uma menina obcecada por algum cantor pop, jurando que um dia iria se casar com ele.

Mas eu queria ser a diferentona. Não que eu não gostasse das músicas — era impossível não gostar, já que estavam em todo lugar —, mas ver tanta gente tão obcecada me gerava um ranço, porque parecia que só existia aquele assunto. Eu entendo o que é ser fã. A única pessoa por quem eu posso dizer que já fui realmente obcecada foi a Ariana Grande. Cheguei ao ponto de tentar achar a casa dela no Google Maps (um pouco psicopata, eu sei). Então, quando não se tem essa mesma energia, olhar para tantos surtos coletivos acaba gerando certo desgosto.

Mas, ao mesmo tempo, eu também queria ter meu cantor pop para acompanhar. Foi aí que, no auge das revistas Capricho, Toda Teen e afins, descobri o nosso querido Austin Mahone.

Lembro que uma amiga, apaixonada por One Direction, sempre comprava revistas e colava pôsteres no quarto. Era um quarto lotado de pôsteres. Onde em um dia, veio um do Austin. Ela olhou para mim e disse: “Por que você não vira fã dele?”. E foi isso: de um minuto para o outro, eu decidi que seria fã dele.

Ouvi as músicas e… não eram ruins. Eu era louca e apaixonada a ponto de achar que ele seria o amor da minha vida? Não totalmente. Mas, se a vida me colocasse numa cena tipo o filme Starstruck, quem seria eu para recusar? Então não vou negar: também sonhei em casar com um pop star.

E foi nessa época que eu e essa amiga também adorávamos “brincar” de Malhação na internet, em um aplicativo chamado “Kik”. Explicando melhor: um monte de pré-adolescentes, de vários lugares, se reunia para fingir ser personagens da Malhação. Cada um interpretava um personagem, e a gente criava ou replicava cenas. Era como atuar, só que online. Chegamos até a criar Instagrams falsos para os personagens, com direito a fotos e interações. E a cada cena nova, surgia um grupo novo: “Vamos tomar sorvete, quem vai?”. Aí lá estávamos nós, interpretando uma ida à sorveteria.

E o que isso tem a ver com Austin Mahone? Aparentemente nada. Até que, um dia, saiu uma notícia em sites gringos de fofoca dizendo que alguns famosos usavam o Kik, porque era mais discreto. Hoje sei que não dá para afirmar se a fonte era confiável. Mas eu, uma mente inocente, não ia verificar nada, já que eu vi como uma oportunidade de conhecer meu ídolo.

Eu e minha amiga começamos a caçar contas. Mandamos mensagem para várias. Até que encontramos uma que dizia ser do Niall Horan. Era ele de verdade? Tenho quase certeza que não. Mas vou matar a pontinha de esperança de dizer que um dia conversei com ele? Também não.

Passamos dias “conversando” com ele. Digo “dias” porque, segundo o próprio, ele era muito ocupado e demorava a responder. Minha amiga amava One Direction e falava com ele por isso. Eu? Eu queria outra coisa: a conta do Austin Mahone. E consegui.

Melhor amiga do Niall, com acesso ao Austin Mahone. O que mais eu poderia querer? Até hoje, só de lembrar, parece fanfic mal escrita. Mas, enfim: comecei a conversar com o Austin. Assim como o Niall, demorava horrores para responder. Eu sofria, mas achava que valeria a pena se um dia ele me mencionasse em uma entrevista.

“Mas, Evelyn, você nunca desconfiou que não era ele?” — vou ser sincera: cheguei a achar que era minha própria amiga, porque era muito conveniente o Austin nunca estar online quando o Niall estava. Fizemos até um grupo com os quatro, já que seríamos “melhores amigos” (mais especificamente, um casal de melhores amigos).

Mas tudo mudou quando, por pura coincidência — ou ironia do destino —, o Austin fez uma “homenagem” para mim.

Nossas conversas eram superficiais, mas lembro de uma em que comentei que gostava muito de skate (uma fase em que tentei ser skatista). Conversamos sobre isso e, semanas depois, ele disse que estava sumido porque trabalhava em uma nova produção… e que tinha feito uma homenagem para mim. Pouco depois, Austin Mahone lançou a música Banga Banga! — e adivinha? O clipe se passa em uma pista de skate.

Pronto. Prova concreta. Era realmente o Austin Mahone. (Sim, a protagonista do clipe não tinha nada a ver comigo, mas poxa… era uma pista de skate!!!). E eu acreditei nisso por um bom tempo.

Até comecei a escrever uma história em capítulos no Facebook (acho que só cheguei até o capítulo 3), sobre nosso grande amor e como as fronteiras internacionais nos impediam de ficar juntos.

No fim, nunca tivemos conversas profundas. Era sempre sobre música ou curiosidades de Hollywood. Depois de um tempo, as respostas começaram a demorar semanas. Isso me irritou, porque se eu tinha uma “fonte exclusiva” e ainda assim ficava sabendo das coisas pelos sites de fofoca, então não fazia sentido. Acabei apagando o aplicativo, já que também com o tempo, parei de “brincar” de malhação.

Hoje sei que, com certeza, não estava falando com o Austin Mahone. A pessoa se esforçou muito para parecer ele, confesso, mas… parte de mim ainda gosta de acreditar que foi real. Afinal, rende uma boa história para contar, não acham?

Queria dizer que foi a única vez que acreditei ter falado com um famoso, mas estaria mentindo. Esse mico deixo para o próximo post. Porque, se tem algo que aprendi, é que minha adolescência daria facilmente um reality chamado Tudo pela Fama — e eu teria episódios de sobra para protagonizar.

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