Uma loja com um blog, ou um blog com uma loja?
Confesso que já me fiz essa pergunta algumas (muitas) vezes.
Mas a verdade é que o Outrora Ateliê nunca foi só uma coisa — e, sinceramente, eu nem quero que seja.
Acho que essa sempre foi uma das minhas maiores dificuldades: querer separar partes de mim em vários projetos, quando, no final, eu sou todas elas.
Porque, antes de ser blog, loja, revista ou qualquer outro rótulo bonitinho… o Outrora é uma marca. E mais do que isso: é uma extensão de mim. Das minhas vontades, dos meus processos, da minha forma de existir no mundo.
É por isso que ele se divide, hoje, em dois pilares principais: a loja e a revista da marca.
A revista nasceu porque — vamos ser honestos — eu jamais conseguiria abandonar a escrita. Não dá. É onde eu me reencontro. É quando a voz narradora dentro de mim finalmente respira e diz: “vai, escreve isso aí.”.
Eu escrevo porque preciso. Porque é assim que eu me entendo.
E, através da revista, quero compartilhar esse olhar: de que a gente é, sim, protagonista das nossas histórias — mesmo quando o roteiro parece meio torto.
Chamo de revista porque gosto dessa ideia de ter a minha própria. Porque se conecta com o produto que estou criando. E porque sinto que, a partir dela, posso experimentar. Posso testar ideias, criar novos formatos, rascunhar projetos futuros.
Revista, capítulo de livro, blog… Chame do que quiser. Porque, no fim, tudo tem o mesmo propósito: compartilhar os meus rascunhos — e torná-los reais.
Já a loja… ah, a loja é meu lugar de criar com as mãos. De transformar sentimento em presente. De colocar poesia em forma física.
No começo, não vou mentir: surtei um pouco. Afinal, como se lança uma loja com um único produto? Sim, minha loja — por enquanto — tem só um produto (que será lançado, então aguardem). Mas eu prefiro assim. De verdade.
Cheguei até a resgatar presentes antigos que eu já havia feito, só pra ver se viravam linha de produção. Mas aí… parei. Respirei. E entendi: isso não faz sentido pro Outrora.
Prefiro ter um único produto, pensado com carinho em cada detalhe, do que vários, feitos às pressas, só para parecer que tenho um catálogo completo. Porque, no fim das contas, quantidade nunca foi o ponto aqui. A essência é outra. E como tudo é um processo, vou respeitar o tempo deste produto — e dos próximos que virão.
Eu sei que o comum é tentar encaixar as coisas em caixinhas. Ou você tem uma loja. Ou tem um blog. Um projeto por vez. Uma função bem definida. Mas… e se eu não quiser escolher?
E se o Outrora for justamente esse espaço onde tudo se mistura — loja, blog, escrita, criação — e se transforma em algo mais fluido, mais real, mais meu?
A verdade é que comecei pela loja. Mas o desejo de compartilhar a escrita sempre esteve aqui. Sempre. O Outrora é onde eu resgato a minha criatividade, minha imaginação, meu amor pelos detalhes e pela escrita. É onde eu me permito sonhar — mesmo que o sonho pareça pequeno ou impossível.
Não estou tentando provar nada pra ninguém. Nem quero parecer melhor que ninguém. Só quero mostrar que existe beleza até na nossa insignificância — e que, mesmo que o mundo lá fora tente dizer o contrário, a nossa história vale a pena ser contada.
Agora, o Outrora pode ter apenas um produto? Pode. E, pra mim, está tudo bem. Porque eu sei que ele está sendo construído com alma. Com tempo. Com intenção.
E estou escolhendo respeitar cada etapa desse processo. Porque, por aqui, fazer aos poucos não é lentidão — é respeito. É presença.
E isso, pra mim, vale mais do que qualquer vitrine cheia.